O sábado chegou e contei os minutos para vê-lo naquela hora de tarde, como havíamos combinado. Iríamos ficar próximos por no máximo 20 minutos. Mas como a sábia loira disse, o pouco com você já me alegra, me preenche, o que é um erro eu sei. Esperei pra sentir teu cheiro, pra receber aquele senhor abraço e sentir você molhar meus lábios. A hora veio e eu senti o cheiro, recebi um meio abraço e nem vi sinal do seu hálito junto ao meu. Algo estava estranho, você estava estranho. Nossa conversa foi mecânica e assustadora como era naquele começo distante. A decepção veio e não agüentei esconder as lágrimas que vieram logo depois que você saiu. Eu precisava extravasar aquela angústia. Por isso, juntei aqueles que me dão força e pedi pra que fôssemos naquele kazebre. Ficar num local escuro e escutar música alta até zunir os ouvidos eram tudo que eu precisava. Conforme a hora passava eu sentia mais vontade de falar com você. Mandei aquela mensagem esperando uma resposta legal. A resposta veio, e não foi nada legal. Desabafando com "aquela pra todas as horas" eu tive que aceitar, a muito custo, a nossa situação. As palavras dela seguiam na direção de que não adianta em qual válvula de escape eu me agarre, a dor de não te ter continuaria a andar comigo. Por isso seria necessário enfrentar essa mesma dor de frente. Deixar que ela me invada e que avassale meu coração. Assim com o tempo eu nem a sinta mais, já que toda dor já foi sofrida, todo falta sentida e toda lágrima chorada. Não sei se estou pronta pra isto, pois ainda te espero, ainda ficarei pelos próximos dias esperando alguma mensagem no início das madrugadas e ainda farei questão de pensar em você o tempo todo. Mas enquanto não acontece deu criar forças pra enfrentar a dor do que quer que seja, fico me apoiando em alguma coisa. Afinal, largar as muletas e aprender a andar sozinha está um pouco difícil ainda.
Infinita Ventura
domingo, 3 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
I don´t wanna miss a thing
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Fall to Pieces
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Dependência química
Há exatamente um ano você apareceu na minha vida. Há exatos 365 dias você ocupa meus pensamentos, meus devaneios, minhas conversas ao telefone e minhas sessões de terapia. Aliás, como diria ela, você já me fez gastar muito dinheiro com psicólogo. Está me devendo muita grana. No dia cinco de Agosto de dois mil e nove, eu o via entrar pelo corredor com aquela bata branca, o livro precioso nas mãos, olhos e tatuagens colorindo aquela noite e os outros demais 364 dias. Na hora que o vi caminhar e sentar ao meu lado sabia que naquele momento eu, de alguma forma, estaria profundamente ligada à você. E não é que o destino se encarregou direitinho de me amarrar ao teu pé. Dois dias depois veio a música e o show. Episódio do qual eu me torturo lembrando diariamente. Lembro-me de procurá-lo pelo salão, de observá-lo, de apreciar cada movimento seu. Daí pra paranóia foi um pulo. Passei a te procurar em cada rua, em cada esquina, em casa música, na sua faculdade, em cada vestígio de pegadas suas. Eu estava cada dia mais viciada. As doses de você precisavam ser tomadas diariamente. Mas como nosso organismo cria uma espécie de “tolerância” com a nossa dependência, as doses teriam de ser aumentadas. Todos os dias eram poucos. Eu já não conseguia ficar mais que alguns instantes sem trazer você à tona na minha mente. Eu precisava de você. Até os livros que eu li eram marcados pela sua presença. Até quando Hermann Hesse descrevia o Lobo da Estepe eu achava que ele estava descrevendo você, ao dizer: "Bem pouco é o que sei a seu respeito, sendo-me particularmente desconhecido seu passado e a sua origem: conservo, entretanto, de sua personalidade uma forte impressão e - cumpre-me declará-lo - bastante simpática, apesar de tudo (...) Mas intimamente na alma, esse homem nos perturbou e prejudicou, tanto a minha tia quanto a mim, e, a bem dizer, até hoje ainda não consegui me libertar dele. Às vezes, ainda sonho com ele, e sinto-me profundamente perturbado e inquieto por sua causa e pela simples existência de um ser assim, embora tenha vindo a sentir por ele um verdadeiro afeto (...) Veja só está frase em Novális 'O homem devia orgulhar-se da dor; toda dor é uma manifestação da nossa elevada estirpe' (...) A maioria dos homens não quer nadar antes que o possa fazer'. Não é engraçado? Naturalmente, não querem nadar. Nasceram para andar na terra e não para a água. E naturalmente, não querem pensar: foram criados para viver e não para pensar! Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade, pode chegar muito longe com isso, mas sem dúvida, estará confundindo a terra com a água e um dia morrerá afogado". Eu já não conseguia fazer algo sem relacionar à você. Foram dias muitos duros e escassos da sua valiosa presença. Se quando acordada, eu não pensava nos seus olhos verdes, nas suas tatuagens excêntricas, no seu alemão, na nossa conversa em inglês, fazia questão de dormir só pra ter o prazer de te ver dar leveza as minhas madrugadas. Nossos encontros informais pelas ruas da cidade só fortaleciam minha doença e toda a mínima tentativa de resistência à você era violentamente destruída. As estações do ano passavam e já que você estava seguindo sua vida eu também precisava seguir a minha. Então resolvi deixar o platonismo de lado e ir te eliminando aos poucos. Afinal, a abstinência de você era dolorosa demais pra mim. E assim, com o teu sumiço e o meu esforço sobre-humano, coisas e pessoas foram ocupando seu antigo espaço me fazendo poder respirar e pensar: “Só por hoje eu não tomei a dose dele”. Eu ia bem, aliás, mais que bem. Durante um período considerável meu mundo parava de girar em torno de você. Durante aquele momento você deixou de roubar o meu tempo. Mas como diz a sábia Martha Medeiros: “O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.” E quando eu achava que tudo ia caminhando eis que meu telefone toca. Eis que você ressurge das cinzas pra testar a minha medíocre força. Acho que jamais vou esquecer a sensação que tive ao ver que era você ligando. Será que depois de tanto tempo a ficção atravessaria as leis da física e se tornaria realidade? Você me chamou e eu fui. Fui ao encontro do meu sonho, mas de encontro à você. Cedi até onde pude e depois você evitou até onde pôde. Os beijos, os toques, a respiração, a sua vontade de sentir o meu corpo, eu sentindo o seu. Tudo perfeito demais pra mim. Por que você tinha que mexer com quem estava quieta num sonho pesado e intemporal? Completamente desnecessário dizer que o susto foi grande. Bem parecido com aqueles pesadelos que acordamos gritando no meio da noite. No meu caso o pesadelo foi ter voltado a injetar altas doses de você novamente. A overdose veio e a seqüela dessa aventura está marcada na minha pele pra sempre. Espero que ao menos o significado dela se manifeste e me dê o que prediz. Tirarei forças do fundo do meu âmago, é só o que me resta. Hoje olho pra todo esse tempo e pergunto à quê você veio. Tantas coisas você me disse, me demonstrou, me fez sentir. Hoje eu te vejo e sei o quão enganada estava ao esquecer de humanizar você, de te olhar realmente, sem lirismo, evitando qualquer romantismo. Agora pronto a sua dose de imbecilidade está cumprida. Enquanto isso peço encarecidamente que você pare com os telefonemas e as mensagens, não resisto à você. Fato! Então que me deixe voltar pra minha clínica e tentar minha reabilitação. Agora é o início do fim do meu tormento. Just leave me alone, please!
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Vai passar!
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Respeito aos pais I
Durante muitos anos o respeito aos pais sempre foi primordial dentro de inúmeras famílias. Mesmo que o amor não equivalesse ao tamanho da autoridade instituída nos lares, o ato de respeitar e a consciência de abaixar nosso ímpeto pela figura dos mais influentes perduravam. Até ontem. Raras são às vezes hoje, e maravilho-me, ouço filhos, oriundos de uma educação mais tradicional, pedindo a benção aos seus respectivos pais, avós ou pessoas mais velhas da família. Mesmo tendo alguns parentes bem próximos incluídos nessa excelência de comportamento, eu, particularmente, não recebi essa educação e meu cérebro não aprendeu tal comportamento. No mais, peguei carona através de ensinamentos maternos me dizendo que não se grita com os pais, não os responde e, não menos importante, não se xinga os pais. Aliás, falar palavrão e xingar os pais seria como um atentado. Não nego que com o meu gênio um pouco difícil e minha voz alta, contemplada de berço, em algumas discussões com minha brilhante geradora eu perco a linha. Apesar da audácia de elevar a voz e responder às ideais incabíveis dela eu jamais disse um palavrão ou algum nome feio. Em vinte e dois anos de existência arrisco-me a dizer que dormi brigada com a minha mãe seis vezes, ainda assim correndo um enorme risco de falar demais. Até onde eu sei a maior parte da minha família, apesar de não pedir a benção, respeita seus pais. Alguns idiotas se acham capazes de cometer os atentados ali em cima descritos, mas para esses não vamos perder tempo.
Grande foi minha estupefação ao ver que muitas das minhas amigas não têm o mesmo conceito que eu. Nas primeiras vezes que presenciei esses atritos, - até então eram apenas discussões escandalosas e provocativas por parte das crias - no auge da minha pré-adolescência, parecia como se em algum momento elas fossem se pegar feio. Á partir de então, como nossa mente tem o péssimo costume de normalizar os piores atos cotidianos, gritar com a minha mãe e bater a porta do quarto na cara dela de raiva se tornava natural e simples assim. Algumas boas vezes a bicha se irritou e voou em cima de mim. Felizmente minha submissão me impediu de fazer qualquer coisa, senão segurá-la. De uns tempos pra cá tenho observado que com o avanço da permissividade episódios onde se presencia os "arranca-rabos" tem se tornado freqüente. Telefones desligados na cara, palavrões escabrosos e maldições vão ao encontro das mães, fazendo espantar qualquer ser consciente de coração pulsante proveniente de um ventre. Jamais passei dos limites com a dona lá de casa. E me pergunto em que exatamente difere a educação que minha mãe me deu à educação de outras e outros a ponto de transgredir essas regras pré-históricas de respeito. Quais as diferenças nessas percepções de limites e quais as brechas para que outros tantos cometam até as mais absurdas maldades físicas? OK. Cada ação uma reação. Não discordo da idéia de que existam mães que mereçam ser xingadas, mas ainda sim vá lá. Será que a sua merece? De verdade? Ou apenas os defeitos delas são suficientes para anular os seus e fazer-se os atos terríveis. Respostas pra perguntas semelhantes a essas e mais respostas eu deixo pra depois porque agora a minha mãe está me chamando.
Enquanto isso deixo a célebre frase que pelo menos uma em cada dez mães diz às suas filhas: “Você ainda será mãe”!